91. Qual é o dever que Deus requer do homem?
O dever que Deus requer do homem é obediência à sua vontade revelada.
Dt 29.29; Mq 6.8; 1Sm 15.22.
92. Que revelou Deus primeiramente ao homem como regra da sua
obediência?
A regra de obediência revelada a Adão no estado de inocência, e a todo o
gênero humano nele, além do mandamento especial de não comer do fruto da
árvore da ciência do bem e do mal, foi a lei moral.
Gn 1.27; Rm 10.5, e 2.14, 15; Gn 2.17.
93. Que é a lei moral?
A lei moral é a declaração da vontade de Deus, feita ao gênero humano,
dirigindo e obrigando todas as pessoas à conformidade e obediência perfeita e
perpétua a ela – nos apetites e disposições do homem inteiro, alma e corpo, e no
cumprimento de todos aqueles deveres de santidade e retidão que se devem a
Deus e ao homem, prometendo vida pela obediência e ameaçando com a morte
a violação dela.
Dt 5.1, 31, 33; Lc 10.26-28; Gl 3.10; 1Ts 5.28; Lc 1.75; At 24.16; Rm 10.15.
94. É a lei moral de alguma utilidade ao homem depois da queda?
Embora nenhum homem, depois da queda, possa alcançar a retidão e a vida
pela lei moral, todavia ela é de grande utilidade a todos os homens, tendo uma
utilidade especial aos não regenerados e outra aos regenerados.
Rm 8.3; Gl 2.16; 1Tm 1.8.
95. De que utilidade é a lei moral a todos os homens?
A lei moral é de utilidade a todos os homens, para os instruir sobre a natureza e
vontade de Deus e sobre os seus deveres para com Ele, obrigando-os, a andar
conforme a essa vontade; para os convencer de que são incapazes de a guardar
e do estado poluto e pecaminoso da sua natureza, corações e vidas; para os
humilhar, fazendo-os sentir o seu pecado e miséria, e assim ajudando-os a ver
melhor como precisam de Cristo e da perfeição da sua obediência.
Lv 20.7-8; Rm 7.12; Tg 2.10; Mq 6.8; Sl 19.11-12; Rm 3.9, 20, 23 e 7.7, 9, 13;
Gl 3.21-22; Rm 10.4.
96. De que utilidade especial é a lei moral aos homens não
regenerados?
A lei moral é de utilidade aos homens não regenerados para despertar as suas
consciências a fim de fugirem da ira vindoura e forçá-los a recorrer a Cristo; ou
para deixá-los inescusáveis e sob a maldição do pecado, se continuarem nesse
estado e caminho.
1Tm 1.9-10; Gl 3.10, 24; 1.20.
97. De que utilidade especial é a lei moral aos regenerados?
Embora os que são regenerados e crentes em Cristo sejam libertados da lei
moral, como pacto de obras, de modo que nem são justificados nem condenados
por ela; contudo, além da utilidade geral desta lei comum a eles e a todos os
homens é ela de utilidade especial para lhes mostrar quanto devem a Cristo por
cumpri-la e sofrer a maldição dela, em lugar e para bem deles, e assim provocá-
los a uma gratidão maior e a manifestar esta gratidão por maior cuidado da sua
parte em conformarem-se a esta lei, como regra de sua obediência.
Rm 6.14 e 7.4, 6; Gl 4.4-5; Rm 3.20 e 8.1, 34 e 7.24-25; Gl 3.13-14; Rm 8.3-4;
2Co 5.21; Cl 1.12-14; Rm 7.22 e 12.2; Tt 2.11-14.
98. Onde se acha a lei moral resumidamente compreendida?
A lei moral acha-se resumidamente compreendida nos dez mandamentos, que
foram dados pela voz de Deus no monte Sinai e por Ele escritos em duas tábuas
de pedra, e estão registrados no capítulo vigésimo do Êxodo. Os quatro
primeiros mandamentos contêm os nossos deveres para com Deus e os outros
seis os nossos deveres para com o homem.
Dt 10.4; Mt 22.37-40.
99. Que regras devem ser observadas para a boa compreensão dos dez
mandamentos?
Para a boa compreensão dos dez mandamentos as seguintes regras devem ser
observadas:
1ª. Que a lei é perfeita e obriga a todos à plena conformidade do homem
inteiro à retidão dela e à inteira obediência para sempre; de modo que requer a
sua perfeição em todos os deveres e proíbe o mínimo grau de todo o pecado.
Sl 19.7; Tg 2.10; Mt 5.21-22.
2ª. Que a lei é espiritual, e assim se estende tanto ao entendimento, à
vontade, aos afetos e a todas as outras potências da alma – como às palavras, às
obras e ao procedimento.
Rm 7.14; Dt 6.5; Mt 22.37-39 e 12.36-37.
3ª. Que uma e a mesma coisa, em respeitos diversos, é exigida ou
proibida em diversos mandamentos.
Cl 3:5; 1Tm 6.10; Pv 1.19; Am 8.5.
4ª. Que onde um dever é prescrito, o pecado contrário é proibido; e onde
um pecado é proibido, o dever contrário é prescrito; assim como onde uma
promessa está anexa, a ameaça contrária está inclusa; e onde uma ameaça está
anexa, a promessa contrária está inclusa.
Is 58.13; Mt 15.4-6; Ef 4.28; Êx 20.12, Pv 30.17; Jr 18.7-8; Êx 20.7.
5ª. Que o que Deus proíbe não se há de fazer em tempo algum, e o que
Ele manda é sempre um dever; mas nem todo o dever especial é para se
cumprir em todos os tempos.
Rm 3.8; Dt 4.9; Mt 12.7; Mc 14.7.
6ª. Que, sob um pecado ou um dever, todos os da mesma classe são
proibidos ou mandados, juntamente com todas as coisas, meios, ocasiões e
aparências deles e provocações a eles.
Hb 10.24-25; 1Ts 5.22; Gl 5.26; Cl 3.21; Jd 1.23.
7ª. Que aquilo que nos é proibido ou mandado temos a obrigação,
segundo o lugar que ocupamos, de procurar que seja evitado ou cumprido por
outros segundo o dever das suas posições.
Êx 20; Lv 19.17; Gn 18.19; Dt 6.6, 7; Js 24.15.
8ª. Que, quanto ao que é mandado a outros, somos obrigados, segundo a
nossa posição e vocação, a ajudá-los, e a cuidar em não participar com outros
do que lhe é proibido.
2Co 1.24; 1Tm 5.22; Ef 5.7.
100. Que pontos devemos considerar nos dez mandamentos?
Devemos considerar nos dez mandamentos – o prefácio, o conteúdo dos mesmos
mandamentos e as divinas razões anexas a alguns deles para lhes dar maior
força.